Por que todos precisam do primeiro mandamento

O Primeiro Mandamento é frequentemente visto como a base essencial para a moralidade e a ordem na sociedade. Embora alguns possam considerá-lo apenas uma imposição religiosa, este mandamento vai além da fé, oferecendo uma estrutura que, segundo defensores, é vital até mesmo para aqueles que não acreditam em Deus.   
John Horvat, The Imaginative Conservative | Tradução: Equipe Instituto Newman


Todos, menos o primeiro

A maioria das pessoas não tem problemas com alguns dos dez mandamentos. Há ateus, por exemplo, que admitem que não se deve matar, roubar ou mentir. Portanto, fixar esses mandamentos específicos em salas de aula ou prédios públicos não causaria nenhum problema.

Os problemas começam com o primeiro e mais importante mandamento, que trata da honra e da adoração a Deus. O mandamento ordena: “Eu sou o Senhor teu Deus; não terás deuses diante de mim” (Ex 20, 3).

Aqueles que não creem afirmam que esse mandamento e os dois seguintes impõem reivindicações religiosas sobre eles e, portanto, não merecem atenção pública. Eles dizem que não devem ser forçados a reconhecer um Deus no qual não acreditam. Em uma sociedade pluralista, o primeiro mandamento não deve existir.

A necessidade do primeiro mandamento

Esse raciocínio está errado. Ironicamente, o primeiro mandamento relativo a Deus dirige-se precisamente aos não-crentes. Ele tem sua aplicação para eles. Todos, até mesmo um ateu, precisam do primeiro mandamento para que haja ordem na sociedade.

De fato, o ateu é mais do que apenas uma pessoa que não acredita em Deus. Ele é muito mais profundo. O pensador católico Plinio Corrêa de Oliveira certa vez definiu um ateu como “um igualitário que, para evitar o absurdo de afirmar que o homem é Deus, comete o absurdo de declarar que Deus não existe”.

Assim, os ateus reduzem a crença em Deus a uma questão de escolha pessoal. Eles afirmam que os crentes obtêm valor ao acreditar em qualquer deus (com um “d” minúsculo), enquanto os descrentes confiam em coisas como ciência, progresso ou humanidade para satisfazer suas aspirações mais elevadas. As crenças são diferentes para cada pessoa e devem ser respeitadas.

Como os ateus se tornam deuses supremos

Como minorias significativas não acreditam em Deus, os ateus concluem que a nação deve agir como se Deus não existisse. Ele deve ser banido do discurso público e das praças porque Deus não tem existência real fora do poder criativo da imaginação do crente.

Ao fazer essas afirmações, os ateus podem se colocar tranquilamente como deuses supremos, acima de todos os outros, sem cair no absurdo. Eles podem tornar-se deuses supremos (com “d” minúsculo) porque reivindicam o direito de erradicar Deus (com “D” maiúsculo), reduzindo-o a uma invenção da imaginação e, portanto, a uma irrelevância social.

O Primeiro Mandamento Evita Falsos Deuses Ateus

Daí vem a necessidade do primeiro mandamento. Ele impede o “absurdo de afirmar que o homem é Deus” ao reconhecer o Deus único e verdadeiro e sua lei.

Ele denuncia esses “deuses” ateus absurdos que negam arbitrariamente o Deus único e verdadeiro. O primeiro mandamento afirma a existência de um Deus independente da crença ou da imaginação humana. Esse Deus não foi criado. Ele é o que é. Ele existe independentemente do que os outros pensam ou deixam de pensar. Somente Ele deve ser adorado.

O primeiro mandamento reconhece a existência de um Deus todo-poderoso e amoroso que fornece à humanidade sua lei, expressa nos dez mandamentos.Essa lei é a base dos costumes, culturas e civilizações que trazem ordem à existência humana.

Esse Deus é a única força de defesa que se opõe àqueles que se declaram deuses, alegando que Deus não existe e impondo suas agendas a toda a sociedade.

“Se Deus não existisse, tudo seria possível”

De fato, quando as pessoas declaram que Deus não existe, surgem os maiores absurdos. Dostoiévski disse certa vez: “Se Deus não existisse, tudo seria possível”.

Sem Deus, não poderia haver padrões morais objetivos baseados em verdades eternas e imutáveis. Assim, as paixões se tornam desenfreadas e a luxúria chega ao extremo. Quando as pessoas se tornam deuses, é impossível ser verdadeiramente livre, pois elas se tornam escravas dominadas por todos os caprichos e fantasias.

Sem a compreensão da ordem que Deus estabeleceu, o universo se torna ininteligível, e a humanidade se reduz a um monte de destroços em um mar de absurdos sem significado e propósito.

Sem Deus, a realidade pode ser alterada. Homens podem ser mulheres e mulheres podem ser homens. As pessoas podem se identificar como qualquer um e qualquer coisa e exigir que sejam reconhecidas como tal. Não haveria uma verdade eterna para servir de âncora.

Evitando as tiranias mais cruéis

Entretanto, as piores consequências deste mundo sem Deus surgem quando esses falsos deuses ateus levam suas negações fatais às últimas consequências. Eles prometem liberdade e entregam a tirania. Eles exigem inquestionável adoração.

De fato, não há mestre mais cruel do que esses deuses ateus extremos que declaram “o absurdo de que Deus não existe”.

Ao longo da história, esses estranhos deuses foram aqueles que dirigiram os gulags e os campos de concentração, as câmaras de tortura, os coliseus, e as guilhotinas. Eles encontram sua maior expressão na era moderna, onde imperam os regimes comunistas, as filosofias niilistas e o wokismo, desprovidos de qualquer compaixão.

Onde quer que reine a paixão desenfreada, encontramos os deuses ateus que se ressentem de qualquer um que ouse se opor a eles. Eles estão sempre prontos para fazer de tudo para suprimir e silenciar aqueles que defendem a Fé.

Vencendo as trevas

A única coisa que impede essa tirania é o Primeiro Mandamento, por meio do qual os crentes invocam uma lei mais elevada e um poder mais elevado. Somente Deus é o único capaz de vencer as trevas que reinam dentro das almas que se apresentam como deuses estranhos.

Portanto, todos precisam do primeiro mandamento. Os crentes precisam dele para elevar seu amor a Deus a níveis cada vez mais altos.

E sim, até mesmo os ateus que desejam alguma ordem precisam desse mandamento para sua própria proteção, e para evitar que o caos não reine na terra.


O Autor

John Horvat II é um estudioso, pesquisador, educador, palestrante internacional e autor do livro Return to Order, bem como autor de centenas de ensaios publicados. Ele mora em Spring Grove, Pennsylvania, onde é vice-presidente da American Society for the Defense of Tradition, Family and Property.

 

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