Se 2+2=4, Então Deus Existe

Como provar a existência de Deus? Ao explorarmos certas realidades que transcendem a matéria e as mentes humanas, como 2+2=4,  percebemos que a existência de uma mente infinita, imutável e eterna — que chamamos de Deus — é necessária para explicar a verdade objetiva e atemporal de conceitos matemáticos fundamentais.   
Christopher Kaczor, Catholic Education  Resource Center | Tradução: Equipe Instituto Newman


O Argumento de Agostinho

Em seu fantástico livro Five Proofs of the Existence of God (Cinco provas da existência de Deus), Edward Feser explica esse argumento detalhadamente. Pois bem, inspirados em Santo Agostinho, vamos começar nosso raciocínio a partir da realidade de que 2+2=4.

Algumas realidades existem na matéria. Uma casa é feita de madeira, pregos e cimento. Um cachorro tem pelo, músculos e ossos. Outras realidades existem em uma mente. Minhas lembranças de ver um grande concerto, ou de competir em uma prova de atletismo existem em minha mente. O que você acredita sobre cães e sobre chocolate existe em sua mente.

Material ou Mental?

Mas, e a realidade de que 2+2=4, acaso ela existe na matéria ou na mente? Bem, as realidades materiais têm um peso, comprimento e densidade específicos. Mas a realidade de que 2+2=4 não tem peso, comprimento ou densidade. Portanto, ela não existe como um objeto material.

Além disso, as realidades materiais dependem da matéria para sua existência contínua. Quando a neve derrete, o boneco de neve desaparece. Mas 2+2=4 não é uma realidade que deixaria de existir se alguém queimasse todos os livros de matemática. As verdades matemáticas podem ser representadas em símbolos escritos ou palavras faladas. No entanto, a realidade da verdade matemática não depende da representação dessa verdade. A realidade de que 2+2=4 era verdadeira antes que alguém a escrevesse ou a dissesse. Portanto, a realidade de que 2+2=4 não existe como um objeto material.

Realidades Matemáticas e Mentes Contingentes

Em vez disso, essa verdade é uma realidade mental que existe em minha mente e na sua. As realidades mentais dependem de uma mente para sua existência. Se minha mente for destruída, desaparecerão minhas lembranças de jogar futebol no acampamento de futebol e de praticar jiu jitsu com Royce Gracie. Se sua mente for destruída, seu conhecimento sobre sua mãe e sua comida favorita será destruído junto com ela.

No entanto, a realidade de que 2+2=4 não seria destruída, mesmo que todas as mentes humanas fossem destruídas. Ela já era verdadeira antes que qualquer ser humano a conhecesse. Ela permaneceria verdadeira mesmo que todos os seres humanos deixassem de existir. Realidades matemáticas como essa são atemporais, imutáveis, inteligíveis e verdadeiras. Portanto, como a realidade de 2+2=4 é atemporal e imutável, ela não depende de uma mente que seja contingente, no tempo e mutável. Em vez disso, ela deve existir em uma mente que não passa a existir e não pode deixar de existir, já que 2+2=4 não começa a ser verdadeiro, nem poderia deixar de ser verdadeiro.

A Necessidade de uma Mente Infinita

Além disso, 2+2=4 não é a única realidade matemática. De fato, há infinitas realidades matemáticas somente em termos de adição. Além de incontáveis outras realidades matemáticas de subtração, multiplicação, divisão, álgebra, cálculo, etc. De fato, há inúmeras verdades que são atemporais, imutáveis e inteligíveis. Mas somente uma mente infinita pode conhecer realidades infinitas.

Portanto, deve existir uma mente que esteja fora do tempo, que não venha a existir, que não tenha a possibilidade de deixar de existir e que conheça realidades infinitas. A palavra frequentemente usada para descrever uma mente que existe por necessidade, com compreensão eterna e conhecimento infinito, é “Deus”.

A Matemática é fato ou ficção

Agora, neste ponto, alguém pode responder que 2+2=4 não é de fato uma realidade objetiva fundamentada na matéria ou em uma mente. De acordo com essa visão, 2+2=4 é apenas uma coleção de símbolos ou ideias que os seres humanos inventaram. A matemática não é mais real do que a fada madrinha da Cinderela. A matemática é só uma história fictícia e não nos dá a verdade factual.

Mas se a matemática não é real, então a ciência também não é real. Como Paul Davies aponta, “As leis da física são todas expressas como equações matemáticas”. Veja, por exemplo, a segunda lei do movimento de Newton: a força é igual à massa vezes a aceleração. Ou considere a teoria da relatividade de Einstein (E=MC2). Essas fórmulas dependem da verdade da multiplicação. Se a matemática não nos dá a verdade objetiva, então a ciência não pode nos dar a verdade objetiva.

A Realidade Objetiva da Matemática e da Ciência

De fato, não faz sentido dizer que a matemática é apenas uma ficção, um conjunto de palavras ou ideias que os seres humanos inventaram como um conto de fadas. Ora, acaso pode a fada madrinha da Cinderela fazer com que um Boeing 747 voe de Los Angeles a Boston? Pois a ciência pode.

A ciência nos fornece verdades objetivas que não dependem da mente humana, tornando nossa tecnologia possível. Quando os homens perceberam que o sol é mais quente que o gelo, eles compreenderam uma verdade objetiva. Da mesma forma, quando o primeiro ser humano percebeu que 2+2=4, essa pessoa descobriu uma realidade objetivamente verdadeira. A ciência é real. Portanto, a matemática deve ser factual, não fictícia.

A Existência de Deus a partir da Matemática

Em suma, é uma realidade objetiva que 2+2=4. As realidades matemáticas não existem como objetos materiais com cor, forma e peso; em vez disso, elas existem em sua mente e na minha mente. As realidades mentais dependem de uma mente para sua existência. Mas a realidade de que 2+2=4 (assim como inúmeros outros fatos matemáticos) é uma realidade atemporal e uma verdade imutável, portanto, não pode depender de mentes como a nossa, que passam a existir e podem deixar de existir. Portanto, deve existir uma mente que é necessariamente existente, eternamente compreensiva e infinitamente conhecedora. Essa mente Santo Agostinho chama de Deus.


O Autor

O Dr. Christopher Kaczor é presidente do Departamento de Filosofia da Loyola Marymount University e professor de Renovação da Vida Intelectual Católica no Word on Fire Institute. Ele é autor de dezesseis livros.

 

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